sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

'ESTOU COM PENA DO BRASIL', DIZ BETHÂNIA, AOS 50 ANOS DE CARREIRA

Em 13 de fevereiro de 1965, aos 17 anos, no Teatro de Arena do Rio, Maria Bethânia cantou "Carcará" com olhos fixos no público, muito próximo: "Carcará, mais coragem do que homem/Carcará pega, mata e come". Entremeou com estatísticas da grande seca: "Em 1950, dois milhões de Nordestinos viviam nos Estados Natais. 10% da população do Ceará emigrou, 15% da Bahia". E voltou a cantar, com sua voz grave, como um aviso: "Carcará não vai morrer de fome… Pega, mata e come".
A baiana adolescente, recém-chegada, havia sido chamada para o "Opinião", espetáculo dirigido por Boal, escrito por Vianninha, Ferreira Gullar e outros, com Zé Keti e João do Vale, autor de "Carcará", junto com José Cândido. "Foi o primeiro 'não' à ditadura, diz. "Eu sabia exatamente o que era. Porque nós (os oito irmãos) fomos criados pelo lado socialista. Meu pai era um socialista radical, assim, 'Dinheiro o homem tem que ter o que lhe seja útil, nenhum vintém a mais'.
Hoje, meio século depois: "Continuo. Minha cabeça é essa". Mas como ela vê a política do País, já na democracia, em Brasília, no Rio, por exemplo, com a corrupção? "Estou com muita pena do Brasil.
Tenho pena, mas não desanimo, porque acho o Brasil maior, de algum modo ele ganha. Já vi lindas respostas do Brasil e não falo só das pessoas, falo da floresta, das águas. Você vê que está todo o mundo zangado (ri). A água foi se aquietar, esperando para ver se volta ou não", disse à Folha de São Paulo.

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