segunda-feira, 29 de abril de 2013

FUMAÇA DE CIGARRO, MESMO APAGADO, IMPREGNA AMBIENTE E ELEVA RISCO DE CÂNCER

Antes o cigarro só fazia mal a quem fumava. Depois passou a ser vilão também para quem inalasse a fumaça, ou seja, mulher de fumante é fumante passiva. Agora, de acordo com pesquisadores americanos, o tabagismo ganha mais uma culpa: mesmo com a brasa já há tempos apagada, ambientes devidamente defumados pelo tabaco são impregnados de partículas com efeitos cancerígenos por até dois meses, batizados com a expressão inglesa “thirdhand smoke”, ou “fumo de terceira mão”, em tradução livre. Isso mesmo, se seu filho vai à escola no carro em que você fuma o resto do dia, ele está mais exposto que aquela criança com pais que não gostam de tabaco. 
Como se trata de um tema de estudo recente - os primeiros trabalhos de referência começaram a ser publicados em 2009 -, o que se conseguiu provar até agora é que o risco existe. Mas ainda não se sabe se o fumo passivo é mais ou menos perigoso que o efeito dos ambientes impregnados por nicotina. 
A principal substância em questão é a nitrosamina. É o cancerígeno resultante da queima da nicotina e se apresenta em várias versões. Um estudo da Universidade de Berkeley, na Califórnia, tido como referência desde então, provou que o óxidos de nitrogênio disponíveis no ar, sobretudo nas grandes concentrações urbanas e industriais, reagem com a nicotina impregnada a ponto de torná-la de novo em nitrosamina inalante. O problema é que resíduos de nicotina têm capacidade de ficar depositados em superfícies de ambientes fechados, assim como em tecido e na pele humana. 
Neste caso, entra em cena uma nova vítima do cigarro: nem o primeiro, aquele que traga; nem o segundo, que respira a fumaça; mas o que convive com a nitrosamina que reagiu com o óxido nítrico. 
- Sabemos muito pouco sobre os riscos do “fumo de terceira mão” em separado daqueles causados pelo fumo passivo, sobretudo porque é difícil medir um sem o outro. Crianças que são expostas à fumaça também frequentam ambientes impregnados pelas partículas - explica a pediatra Suzanne Tanski, da Universidade de Dartmouth-Hitchcock, nos EUA, e uma das pioneiras do estudo dos efeitos dos resíduos da nicotina. 
Fonte: Jornal O Globo

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