quarta-feira, 16 de junho de 2010

DEPOIS DE 48 ANOS, CHILE VOLTA A VENCER NA COPA: 1 A 0 SOBRE HONDURAS

Na estréia no Mundial na África do Sul, time de Marcelo Bielsa joga bonito, mas perde muitos gols. Frágeis, hondurenhos têm muitas dificuldades
Em 2002 e 2006, o povo chileno assistiu à Copa do Mundo com um vazio no peito, já que não foi representado no Mundial. Nesta quarta-feira, os jogadores da seleção resgataram este sentimento tão importante para quem gosta de futebol. Foram além. Relembraram, e fizeram outros tantos sentirem pela primeira vez, o quanto é bom comemorar uma vitória na competição. No Mbombela Stadium, em Nelspruit, o Chile derrotou Honduras por 1 a 0, na primeira rodada do Grupo H. Foi o mesmo placar do último triunfo em Copas, contra a Iugoslávia, em 1962, quando sediou o evento. Até a estréia na África do Sul, foram seis empates e sete derrotas. O atacante Beausejour, autor do gol, foi eleito o melhor da partida. Com o resultado, a seleção chilena lidera a chave com três pontos. Na próxima segunda-feira, enfrenta a Suíça, em Porto Elizabeth, às 16h de Brasília (11h no horário sul-africano).
Honduras começou mal a sua segunda participação em Copas. A primeira foi em 82, quando empatou duas vezes e perdeu uma. Na segunda-feira, vai encarar a favorita Espanha, em Joanesburgo, às 15h30m de Brasília (20h30m no horário sul-africano). Hora de tentar fazer milagre.
Vale lembrar que os dois primeiros colocados do Grupo H vão enfrentar os dois classificados da chave do Brasil, que também tem Portugal, Costa do Marfim e Coréia do Norte.
Na base da velocidade, Chile abre vantagem
Beausejour, Valdívia e Alexis Sánchez. O trio ofensivo escalado por Marcelo Bielsa é incansável. Velozes e de toques ligeiros, são jogadores que exigem o máximo de atenção dos marcadores. Foi com um futebol ousado e impetuoso que o Chile começou a Copa do Mundo. Desde o princípio de jogo, os sul-americanos tentaram sufocar a seleção de Honduras. “El Mago” Valdívia, que deixou saudade na torcida do Palmeiras, é quem organiza as jogadas de ataque. Centralizado na linha de frente, sofreu a falta que gerou a primeira chance de gol chilena. Aos dois minutos, Matíaz Fernández cobrou da entrada área e por pouco não surpreendeu o goleiro Valladares. Vidal também tentou de longe, aos oito, e o goleiro hondurenho se enrolou todo para conseguir espalmar. Chilenos comemoram o gol da vitória (Foto: AFP)
Honduras se limitou a defender. O técnico Reinaldo Rueda tinha problemas no ataque. Os titulares David Suazo e Julio César De León foram vetados por problemas musculares. O segundo acabou cortado do Mundial. Nuñez e Pavón os substituíram, mas não conseguiram nada além de alguns chutes prensados.
O Chile também jogou sem um titular. O atacante Humberto Suazo se recupera de uma lesão muscular na coxa direita e foi poupado. Não fez falta. Pelo meio, Valdívia fez Sánchez correr pela direita e Beausejour pela esquerda. Os três deram conta, mas o gol demorava a sair. O zero a zero injusto foi persistente, mas não resistiu. Aos 34, Isla foi acionado pelo bom Matias Fernández na ponta direita, partiu em velocidade e cruzou rasteiro para a área. Beausejour chegou de carrinho, dividiu com o zagueiro Mendoza e abriu o placar na marra. Na comemoração, sorriu, apontou para si mesmo e fez sinal de não.
Apesar da vantagem, os chilenos não pisaram no freio. Muito pelo contrário. Seguiram perturbando os defensores adversários, mas pecaram naquele último toque na frente do gol. Honduras só voltou a incomodar no lance final da primeira etapa. Na bola parada, aos 45, Nuñez cobrou falta, e o goleiro Bravo espalmou com segurança. O placar simples ficou barato para os hondurenhos.
Chilenos pressionam, mas não ampliam
A fragilidade de Honduras ficou ainda mais evidente no segundo tempo. Com exceção de um bom ataque de Álvarez, desarmado na entrada da área, aos dois minutos, a equipe pouco apresentou. O Chile manteve o ritmo forte da etapa inicial, mas não soube liquidar o adversário. Duas chances claras foram desperdiçadas antes dos 20 minutos. Aos 16, Sánchez, que corre feito um guepardo, recebeu na entrada da área, abriu espaço na zaga adversária e bateu cruzado, tirando do goleiro. Tirou demais, e a bola se perdeu pela linha de fundo.
Valladares faz milagre na cabeçada de Ponce. Lance mais bonito do segundo tempo (Foto: Reuters)
Dois minutos depois, um lance que pode entrar na lista dos mais bonitos da Copa. Após cobrança de falta para a área de Honduras, Vidal apareceu na segunda trave e escorou de cabeça para o centro da pequena área. O zagueirão Ponce fez tudo certo, caprichou no peixinho para sair bem na fotografia, só que esbarrou na linda defesa de Valladares. Reflexo puro.
Na tentativa de empatar, o técnico Reinaldo Rueda fez duas mudanças. Guevara e Pavón deram lugar a Thomas e Welcome, respectivamente. De pouco adiantou. A criatividade passa longe da seleção hondurenha.
Valdívia, mais discreto no segundo tempo, chegou a deixar o dele, aos 29 minutos, mas a arbitragem assinalou impedimento corretamente. O camisa 10 foi substituído por Mark González quase no fim. Ao mesmo tempo em que manteve a equipe ofensiva, Marcelo Bielsa protegeu a defesa com as entradas de Contreras e Jara. Não dava para arriscar um resultado que pode colocar a seleção sul-americana na próxima fase. Na primeira impressão, o Chile mostrou que tem vontade de sobra, volume de jogo e bom futebol. O placar de 1 a 0 é o que mais se repetiu na Copa: cinco vezes. Vitória que acaba com 48 anos de espera.
Fonte: globo.com

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