É comum se ouvir falar de ingratidão. Amigos que
depois de terem privado da maior intimidade, se voltam violentos, desejando
destruir. Basta uma pequena contrariedade, uma questão política, um ponto de
vista diferente.
Esquece-se de todos os benefícios recebidos. Dos
abraços, das promessas, das alegrias repartidas e vividas.
Esse tipo de comportamento demonstra como o homem,
embora se diga ser humano, muito necessita crescer para se considerar como
verdadeiro participante da Humanidade.
Recordamos de uma antiga lenda judia que fala de um
homem condenado à morte e que ia ser apedrejado.
Os carrascos lhe jogaram grandes pedras. O réu
suportou o terrível castigo em silêncio. Compreendia que a desgraça havia caído
sobre ele e que seus gritos de nada adiantavam.
Naquela ocasião, por ali, passou um homem que havia
sido seu amigo. Pegou uma pequena pedra e atirou na direção do condenado.
O pobre condenado, atingido por aquela pedra, deu
um grito estridente.
O Rei, que a tudo assistia, ordenou que um de seus
lacaios perguntasse ao réu porque ele gritara quando atingido pela pequena
pedra, depois de haver suportado sem reclamar, as pedras grandes que lhe
jogaram.
O condenado respondeu: As pedras grandes foram
atiradas por homens que não me conhecem, por isso me calei. Mas a pequena foi
jogada por um homem que foi meu companheiro e amigo. Por isso gritei.
Lembrei de sua amizade nos tempos de minha
felicidade. E agora vi sua felicidade quando me encontro na desgraça.
O Rei compadeceu-se e ordenou que o pusessem em
liberdade, dizendo que mais culpado do que ele era aquele que abandonava o
amigo na desgraça.
A lenda nos dá a nota de quanto dói à ingratidão.
Naturalmente, quanto mais estimamos e confiamos em alguém, mais nos atormentará
a sua ingratidão.
É importante, pois, que examinemos nossas próprias
ações, observando se não somos ingratos. Em especial com aqueles que estenderam
a preciosidade da sua amizade, por algum tempo.
Ingratidão é um sentimento que somente floresce nos
corações enfermiços e é demonstrada por alguém que é vazia e sem nada no
coração para oferecer.
Se alguém te retribui com a ingratidão o bem que o fizeste,
não te entristeças.
É melhor receber a ingratidão do que exercê-la em
relação ao próximo.
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