A Senadora Kátia Abreu (PMDB) deve ser a
nova Ministra da Agricultura do governo Dilma. Convidada em meados de novembro,
a ruralista aceitou a proposta da Presidente. No entanto, desde que a notícia
se espalhou, não faltou quem criticasse a escolha.
Kátia Abreu se aproximou de Dilma nas eleições de
2010, quando ainda estava no DEM, partido de oposição ao governo. Segundo o
Correio Braziliense, na época a ruralista enviou uma carta a Dilma desejando
“força” para enfrentar um câncer.
Desde então, Kátia Abreu deixou o DEM, passou pelo
PSD e recentemente se filiou ao PMDB, da base aliada do governo petista. Porém,
a aproximação não acabou com antigas divergências entre a senadora e parte dos
apoiadores de Dilma.
Os grupos que já se manifestaram contra a nomeação
de Kátia Abreu formam um espectro amplo que vai desde movimentos sociais,
abarca parte do PT, passa por grupos ruralistas e chega ao frigorífico JBS,
gigante produtor de carnes e maior doador de campanha nessas eleições.
O próprio PMDB, legenda que hoje abriga a Senadora,
já mostrou descontentamento com sua indicação ao ministério.
Veja a seguir por que esses atores não querem Kátia
Abreu no Ministério da Agricultura:
JBS
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o
empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, esteve na quarta-feira
em reunião reservada com o Chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, com quem
tratou sobre a indicação para o Ministério da Agricultura.
O lobby do maior frigorífico do mundo explicita uma
guerra nos bastidores. Como representante dos pecuaristas, a Senadora assumiu
uma posição de ataque à empresa de Batista.
Os criadores de gado temem a concentração de
mercado que a empresa exerce cada vez mais, influenciando no valor da carne
vendida por eles.
O grupo JBS é responsável por cerca de 20% do abate
bovino no País. O peso do frigorífico na formação de preço é uma das
explicações para a acidez da senadora contra a empresa.
O clima entre Kátia e Batista ficou ruim depois que
a senadora acusou de antiética a campanha publicitária do JBS sobre a segurança
sanitária representada pela Friboi. Em discurso no Congresso, em agosto de
2013, a senadora protestou: "Vá e diga que a sua carne é boa, que tem boa
qualidade, que é produzida em frigoríficos de primeira. Mas não diga que é a
única que o povo brasileiro pode comer."
PT
Para parte dos petistas, pode representar um
retrocesso na política agrária do País, no que diz respeito aos pequenos
agricultores e à reforma agrária. Kátia é Presidente da CNA (Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil). Setores do partido criticaram a indicação da
Senadora para o ministério. Kátia Abreu atuou na oposição ao governo e é vista
como representante dos ruralistas.
Em seu site, a corrente petista Articulação de
Esquerda divulgou nota que diz: “A indicação ministerial de Joaquim Levy e a
possível indicação de Katia Abreu, por sua vez, indicam concessões
desnecessárias e equivocadas ao campo conservador que foi derrotado nas últimas
eleições”.
PMDB
O partido que acolheu a Senadora Kátia Abreu também
não é muito favorável à sua indicação como Ministra. Novata na legenda, Kátia
ainda é vista como uma estranha no partido e não tem o apoio de seus principais
dirigentes.
Considerou-se, inclusive, que Kátia Abreu não
integraria a cota do PMDB no governo Dilma. De acordo com a colunista Vera
Magalhães, da Folha de S.Paulo, este foi um dos motivos para o adiamento do
anúncio oficial da nova Ministra.
Segundo a coluna, o Presidente quis evitar que o
PMDB alegasse que a Senadora será parte da equipe econômica e pedisse outras
cinco pastas na Esplanada.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) chegou a ocupar uma fazenda no Rio Grande do Sul em protesto contra a
indicação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura.
Na ação ocorrida em 22 de novembro, cerca de 2 mil
membros do MST e outros movimentos camponeses invadiram a propriedade rural.
“Katia Abreu é símbolo do agronegócio, que tem como
lógica a terra para produção de mercadorias, com uso intensivo de agrotóxicos e
sementes transgênicas destruindo os recursos naturais e a saúde dos
trabalhadores e de toda a população”, disse Raul Amorim, da coordenação da
juventude do MST.
União Democrática Ruralista (UDR)
A indicação de Kátia Abreu não é unanimidade nem
entre os ruralistas. Após as notícias de que a Senadora integraria o governo,
produtores rurais do interior de São Paulo iniciaram a formação de uma Frente
Nacional da Produção para tentar derrubar Kátia Abreu da Presidência da CNA.
"Ela é uma traidora do setor produtivo, perdeu
a credibilidade dos produtores rurais, por isso, precisa renunciar rapidamente
ao cargo de Presidente da CNA", afirmou em Araçatuba (SP) o Presidente da
União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Nabhan Garcia. (Exame)
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