Ou o PSDB não sabe o que quer quanto ao futuro do
governo da Presidente Dilma Rousseff ou sabe, mas não revela ao distinto
público. Prefere deixa-lo em dúvida.
Deve ser mais uma jogada política genial, dessas
que só o PSDB, partido tão bem dotado de inteligência superior, conhece.
Menos de 24 horas depois de mais uma rodada de
manifestações contra o governo Dilma, a terceira só este ano, quatro dos mais
emplumados tucanos resolveram falar sobre a crise política.
Por ordem de entrada em cena, o primeiro foi o ex-Presidente
Fernando Henrique Cardoso. Valeu-se para isso das redes sociais.
Disse em resumo: Dilma deveria ter a grandeza de
renunciar ao mandato. Seu governo é legal, legítimo não. Perdeu a legitimidade
devido aos seus erros. Perdeu também o apoio das ruas.
Caso Dilma não renuncie, deveria pedir desculpas
aos brasileiros e apontar um caminho para que o País se recupere.
Fernando Henrique passou raspando pelo impeachment.
Sua receita, por ora, é a seguinte: como renúncia é um ato unilateral, e nada é
mais vago do que a sugestão de apontar um caminho para que o País se recupere,
ele prefere Dilma aí mesmo.
O Senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), Vice de
Aécio Neves na eleição presidencial do ano passado, subiu à Tribuna do Senado
no meio da tarde para anunciar que seu partido apoiará o impeachment de Dilma
caso a Câmara dos Deputados, a quem cabe o papel, aprove a abertura do
processo.
Aloysio afirmou que já existem “elementos
jurídicos” para pedir a abertura do processo. Falta reunir, porém, as
“condições políticas”. Elas dependem da adesão do PMDB à idéia de depor a Presidente.
Aloysio não poderia ter sido mais direto. Xô,
Dilma!
Aécio, que há duas semanas torcia pelo impeachment
de Dilma e do Vice Michel Temer e a realização de novas eleições, foi vago
quando provocado a falar por Jornalistas.
O que disse: que o PSDB “não será o protagonista do
desfecho da crise”, mas atuará para garantir que instituições como o Tribunal
de Contas da União (TCU) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) funcionem com
“isenção” e livre de “constrangimentos”.
E arrematou:
– De todas aquelas possibilidades que admitimos,
até a própria permanência da Presidente, se ela readquirir as condições, que
ela não demonstra ter, de governabilidade, todas elas estão limitadas ao texto
constitucional. Não há possibilidade de nenhum desfecho que não seja com respeito
à Constituição.
Em outras palavras: o PSDB não será protagonista de
um eventual processo de deposição da Presidente. E não defenderá nenhuma
solução que não tenha amparo na Constituição.
Significa: vai ficando, Dilma!
O último a falar foi o Senador José Serra (SP),
entrevistado à noite pelo Programa Roda Vida, da TV Cultura de São Paulo. “Acho
difícil (Dilma concluir o governo)”, comentou. Para dizer em seguida:
– Você não luta pelo impeachment. Você tem que ter
motivos claros. Tendo motivos claros, acho que devem votar pelo impeachment.
Não existem ainda comprovadamente (razões para o impeachment de Dilma).
Sempre
tem um componente político (no processo de impeachment), mas estamos numa etapa
anterior. No presidencialismo, você não tira o governo só porque ele é ruim.
Serra, portanto, não vê ainda razões para o
impeachment. Então fica, Dilma!
Se no maior partido da oposição seus caciques não
conseguem sequer falar a mesma língua, Dilma tem tudo para completar seu
mandato. A não ser que Curitiba nos apronte uma surpresa.
Por Ricardo Noblat
Nenhum comentário:
Postar um comentário