Hoje eu
acordei com cheiro de passado...
Lembrei
de um tempo bom... Ótimo! Tempo em que tudo era simples, porém divertido.
Acordava cedo, ia para a Escola Estadual Desembargador Vicente Lemos... Ai, meu
Deus! Escrevíamos esse nome todos os dias! Encontrava amigos... Sorriamos...
Brincávamos... Tudo sem maldade e sem violência... E a aventura que era quando
o rio enchia? Chegava a hora do recreio.... Ah, o recreio! O pátio da escola
não tinha piso era grama... Havia uma cisterna que insistíamos em brincar em cima dela, porém
tinha um grandão que não deixava e falava bravo – Seu Walter – quem não lembra
das broncas dele? E a merenda? Cuscuz com sardinha, cuscuz com charque,
sopa de feijão, sopão (era uma delícia), suco com biscoito (deixava um
bigodinho), macarrão com almôndega (era uma briga para pegar o copo com duas).
Valda era uma das merendeiras lembro dela! Minha nossa! A gente era muito feliz
e não sabia!
E quem não lembra do carrinho de confeitos de Seu Chico Calista?
Ahhhh, mainha que não gostava porque a caderneta dele vivia cheia de fiado!
Huuuum... E as rosquinhas de Dona Terezinha? Minha nossa! Ainda sinto o gosto
na boca! Sem falar no dindin de Dona Maria de Chagas e de Maria Tomé, o picolé
de tia Maria de Círo... A pracinha vivia cheia de crianças brincando... Eram
bicicletas, piões, carros de lata, carros de madeira, cavalo de pau,
brincadeiras, tica-tica, esconde-esconde, rouba bandeira, queimada,
policial-ladrão, ... E tantas outras, mas tudo sem malícia! A gente corria
descaço na rua, não tinha tanta doença. Banho de chuva era uma coisa divertida
e tinha briga para quem ficava embaixo das bicas. Eu tive aula de reforço com
Dona Isolete Campos... Aprendi a fazer "9 fora nada" com ela.... Faço
até hoje para saber se a conta está certa... Tem pessoas que não sabem nem o
que é isso!
"Ei, menino (a)! Não quero você correndo na minha
calçada, viu? Se quer correr, corra na rua! Aqui não!". Quem lembra dessa
bronca? kkkkkkkkk Levei muuuuuuuitas - Dona Terezinha Rodrigues!
Não existia celular, computador e nem internet no nosso
mundo... Como éramos felizes! Depressão era uma palavra desconhecida! A gente
inventava qualquer brincadeira com o que tinha na hora.... Garrafa (servia para
brincar de garrafão), areia (servia para brincar de bolinho), papel (servia
para fazer avião), giz e chão (servia para fazer a estrada para os carros
passarem), meia (servia para jogar bola), espiga de milho virava boneca ... Não
faltava criatividade!
Gente... Seu Antonio Moreira tinha uma venda onde hoje é
o mercadinho de Adriana, tia Lila tinha uma lojinha de tecidos na outra
esquina, onde hoje mora meu tio Badoda, existia a mercearia de Vovó Domingos em
frente à Igreja Assembleia de Deus, tinha uma rosquinha na padaria de Serginho
que era uma delícia, Dona Zetinha tinha uma lojinha de tecidos, Dona Zefa tinha
mercearia também... Lembro de tudo isso!
Olha só... Casa de Madson, Beco do engole, rua da
macumba, parquinho do jardim, porteira da fazenda de Bilú, Casa de Seu Antonio Moreira...
Quem nunca teve medo de entrar nesses lugares? As crianças achavam que eram mal
assombrados! E as botijas? Verdade ou mentira? Eram coisas tão bestas, mas na
época eram o terror... Vejam só como tudo mudou. Hoje, os medos são outros!
Tínhamos uma turma que não se separava, pois estudávamos
juntos desde o prezinho... Prezinho com Elda; primeira série com Zilda... E
assim vai! Não vou colocar o nome de todos aqui por medo
de esquecer alguém... Mas tinha um trio inseparável: Janaina D'arc, Geniele Pereira e Eu! Nossos Professores eram respeitados. Não existia
preconceito, ninguém era excluído. O mais importante era brincar, brincar e
brincar. Tempo bom, alegre, divertido... Principalmente, inesquecível! Tempo em
que a única preocupação era que o dia amanhecesse logo para tudo começar de
novo.
Hoje, todos cresceram e construíram suas vidas longe ou
perto. Infelizmente esse tempo não volta mais.
Entretanto, foi vivido intensamente por uma geração que soube aproveitar a
infância. Soube extrair das coisas mais simples da vida os melhores momentos
para ficarem guardados em nossas lembranças. Possuímos uma herança que as
gerações posteriores a nossa não tiveram e não terão – uma infância de verdade!
Karoline
Araújo de Melo