Vitória de 1 a 0, com um gol de Sneijder, deixa seleção laranja a um passo de uma classificação que pode ser confirmada ainda neste sábado
O futebol deve um título à Holanda e a seus gênios do passado. Um débito com uma história de jogo bonito, ofensivo. A conta, sabe-se lá, pode ser paga em 2010, porque o caminho agora está mais aberto para a seleção laranja. Neste sábado, em Durban, mesmo com uma atuação pálida, o time europeu bateu o Japão por 1 a 0, foi a seis pontos, na liderança isolada do Grupo E, e praticamente cravou os dois pés nas oitavas de final da Copa do Mundo da África do Sul. O gol da vitória foi marcado por Sneijder, aos oito minutos no segundo tempo. Em uma falha do goleiro Kawashima.
Mas não foi fácil. Controlada na etapa inicial, a Holanda teve que batalhar para superar a marcação japonesa, sustentada em muita entrega, em correria sem fim. Robben, ainda se recuperando de lesão muscular, não jogou. O ataque, sem ele, teve raros momentos de brilho diante da disciplina defensiva dos asiáticos. Retrato do primeiro tempo: um holandês (Sneijder) sempre acompanhado por um japonês (Abe) (Reuters)
Com o resultado, a Holanda pode garantir classificação matemática ainda neste sábado. Para isso, torce por vitória da Dinamarca ou por empate no jogo entre os nórdicos e Camarões, às 15h30m (de Brasília), em Pretória. Os japoneses, com três pontos, ficam de olho na tabela e voltam a campo na próxima quinta-feira, em Rustemburgo, contra os dinamarqueses. A Holanda, no mesmo dia, duela contra os africanos na Cidade do Cabo.
Um monte de japonês atrás dos holandeses
“Tem um japonês 'trás' de mim”, cantou o peladeiro Chico Buarque, que completa 66 anos neste sábado, em sua clássica “Bye, bye, Brasil”. “Tem um monte de japonês atrás de nós”, devem ter dito os jogadores da Holanda ao entrar no vestiário do Moses Mabhida, encerrado o primeiro tempo do jogo em Durban. Eles não tiveram sossego. Dá para imaginar o que é passar 45 minutos cercado por japoneses que não cansam nunca?
O bom futebol holandês, sustentado em jogadores com a qualidade de Sneijder, Kuyt e Van Persie, foi sufocado pelos samurais asiáticos no primeiro tempo. Em vez de espadas, eles usaram o que Marcus Túlio Tanaka, brasileiro naturalizado japonês, havia destacado um dia antes: disciplina total, como ensinavam os velhos guerreiros. Cada toque da Laranja na bola no primeiro tempo correspondeu à aproximação de um, dois, até três adversários. O time de branco parecia ter o poder de multiplicação, feito herói de desenho animado.
O jogo começou ríspido, com os jogadores trocando olhares nada amistosos, ameaçando transformar as rusgas em tabefes. Mas logo acalmou. E aí a Holanda tentou colocar seu ritmo. Por alguns minutos, os europeus foram superiores e deram a impressão de que comandariam o jogo.
Alarme falso. Fora um chute forte de Sneijder e uma tentativa bonita de Kuyt, de bicicleta, a seleção laranja ficou presa na teia da marcação armada pelo oponente.
Mas o mais interessante no Japão veio depois. Ao absorver a confiança passada por seu sistema defensivo, os asiáticos passaram a também arriscar no ataque. E, pouco a pouco, acabaram construindo mais do que o rival. Nagatomo, pela esquerda, bateu cruzado, com perigo, para fora. Honda, de cabeça, quase fez. Matsui, de longe, emendou bonito, num meio-voleio, e parou no goleiro Stakelenburg. Apesar de ter somente 31% de posse de bola na etapa inicial, os nipônicos arremataram mais a gol que o adversário (cinco conclusões a três).
Para duas equipes que prometeram um futebol agressivo, o primeiro tempo foi morno. A grande questão é que foram os japoneses que escolheram a temperatura. Acabaram, de quebra, gelando o ânimo dos holandeses.
Pancada de Sneijder e falha do goleiro dão vitória à Holanda
A Holanda começou o segundo tempo mais acesa, mais ágil, sabendo colocar pressão. Van der Vaart, de cabeça, ameaçou. Van Persie, com os pés, perdeu. Ele recebeu lançamento em profundidade, ganhou dos marcadores na corrida e, na hora de concluir, pegou fraco, torto, feio de doer. Faltas laterais e cobranças de escanteio viraram coleção para a seleção européia. Estava desenhado que o gol sairia. O lance decisivo do jogo: Sneijder (à esquerda) arrisca e Kawashima aceita (Foto: AFP)
E ele ocorreu graças a Sneijder, bom de bola, mas também em boa parte graças ao goleiro Kawashima. O camisa 10 holandês, aos oito minutos, pegou rebote na entrada da área e mandou pancada de perna canhota, a 110 km/h. O goleirão voou na bola, encaixou o corpo e espalmou para dentro do próprio gol. Azar dele, felicidade laranja: 1 a 0 em Durban.
O Japão não se abalou. Okubo, em dois chutes fortes, quase empatou: o goleiro Stekelenburg pegou o primeiro, e o segundo foi para fora. Mas no meio-termo entre a impossibilidade de afrouxar a marcação e o desejo de ser mais ofensivo, a time asiático perdeu ímpeto. A Holanda, jamais brilhante, passou a ter aquela solidez que o adversário possuiu no primeiro tempo.
E levou o jogo assim, sem brilho nem apagão. Nem a presença de Elia, que melhorou muito o time quando entrou em campo contra a Dinamarca, aumentou a presença ofensiva da equipe. Que ainda teve duas excelentes chances de ampliar aos 39 e 42. Na primeira, Afellay, substituto de Sneijder, invadiu a área livre pela direita, mas concluiu em cima de Kawashima. Na seguinte, o mesmo jogador recebeu de Huntelaar, e concluiu. O goleiro salvou novamente, mas precisou na seqüência do apoio de Nakazawa para evitar o segundo gol que Túlio Tanaka quase botou para dentro.
Mas o Japão ainda teve uma chance de ouro para não deixar o gramado derrotado. Aos 45, Okazaki recebeu de frente para o goleiro e chutou por cima.
Foi um susto final na Holanda, uma seleção que aprendeu no passado que jogar bonito nem sempre é sinônimo de vencer – e para quem colar na vaga foi o que mais importou neste sábado em Durban.
Fonte: globo.com
O futebol deve um título à Holanda e a seus gênios do passado. Um débito com uma história de jogo bonito, ofensivo. A conta, sabe-se lá, pode ser paga em 2010, porque o caminho agora está mais aberto para a seleção laranja. Neste sábado, em Durban, mesmo com uma atuação pálida, o time europeu bateu o Japão por 1 a 0, foi a seis pontos, na liderança isolada do Grupo E, e praticamente cravou os dois pés nas oitavas de final da Copa do Mundo da África do Sul. O gol da vitória foi marcado por Sneijder, aos oito minutos no segundo tempo. Em uma falha do goleiro Kawashima.
Mas não foi fácil. Controlada na etapa inicial, a Holanda teve que batalhar para superar a marcação japonesa, sustentada em muita entrega, em correria sem fim. Robben, ainda se recuperando de lesão muscular, não jogou. O ataque, sem ele, teve raros momentos de brilho diante da disciplina defensiva dos asiáticos. Retrato do primeiro tempo: um holandês (Sneijder) sempre acompanhado por um japonês (Abe) (Reuters)
Com o resultado, a Holanda pode garantir classificação matemática ainda neste sábado. Para isso, torce por vitória da Dinamarca ou por empate no jogo entre os nórdicos e Camarões, às 15h30m (de Brasília), em Pretória. Os japoneses, com três pontos, ficam de olho na tabela e voltam a campo na próxima quinta-feira, em Rustemburgo, contra os dinamarqueses. A Holanda, no mesmo dia, duela contra os africanos na Cidade do Cabo.
Um monte de japonês atrás dos holandeses
“Tem um japonês 'trás' de mim”, cantou o peladeiro Chico Buarque, que completa 66 anos neste sábado, em sua clássica “Bye, bye, Brasil”. “Tem um monte de japonês atrás de nós”, devem ter dito os jogadores da Holanda ao entrar no vestiário do Moses Mabhida, encerrado o primeiro tempo do jogo em Durban. Eles não tiveram sossego. Dá para imaginar o que é passar 45 minutos cercado por japoneses que não cansam nunca?
O bom futebol holandês, sustentado em jogadores com a qualidade de Sneijder, Kuyt e Van Persie, foi sufocado pelos samurais asiáticos no primeiro tempo. Em vez de espadas, eles usaram o que Marcus Túlio Tanaka, brasileiro naturalizado japonês, havia destacado um dia antes: disciplina total, como ensinavam os velhos guerreiros. Cada toque da Laranja na bola no primeiro tempo correspondeu à aproximação de um, dois, até três adversários. O time de branco parecia ter o poder de multiplicação, feito herói de desenho animado.
O jogo começou ríspido, com os jogadores trocando olhares nada amistosos, ameaçando transformar as rusgas em tabefes. Mas logo acalmou. E aí a Holanda tentou colocar seu ritmo. Por alguns minutos, os europeus foram superiores e deram a impressão de que comandariam o jogo.
Alarme falso. Fora um chute forte de Sneijder e uma tentativa bonita de Kuyt, de bicicleta, a seleção laranja ficou presa na teia da marcação armada pelo oponente.
Mas o mais interessante no Japão veio depois. Ao absorver a confiança passada por seu sistema defensivo, os asiáticos passaram a também arriscar no ataque. E, pouco a pouco, acabaram construindo mais do que o rival. Nagatomo, pela esquerda, bateu cruzado, com perigo, para fora. Honda, de cabeça, quase fez. Matsui, de longe, emendou bonito, num meio-voleio, e parou no goleiro Stakelenburg. Apesar de ter somente 31% de posse de bola na etapa inicial, os nipônicos arremataram mais a gol que o adversário (cinco conclusões a três).
Para duas equipes que prometeram um futebol agressivo, o primeiro tempo foi morno. A grande questão é que foram os japoneses que escolheram a temperatura. Acabaram, de quebra, gelando o ânimo dos holandeses.
Pancada de Sneijder e falha do goleiro dão vitória à Holanda
A Holanda começou o segundo tempo mais acesa, mais ágil, sabendo colocar pressão. Van der Vaart, de cabeça, ameaçou. Van Persie, com os pés, perdeu. Ele recebeu lançamento em profundidade, ganhou dos marcadores na corrida e, na hora de concluir, pegou fraco, torto, feio de doer. Faltas laterais e cobranças de escanteio viraram coleção para a seleção européia. Estava desenhado que o gol sairia. O lance decisivo do jogo: Sneijder (à esquerda) arrisca e Kawashima aceita (Foto: AFP)
E ele ocorreu graças a Sneijder, bom de bola, mas também em boa parte graças ao goleiro Kawashima. O camisa 10 holandês, aos oito minutos, pegou rebote na entrada da área e mandou pancada de perna canhota, a 110 km/h. O goleirão voou na bola, encaixou o corpo e espalmou para dentro do próprio gol. Azar dele, felicidade laranja: 1 a 0 em Durban.
O Japão não se abalou. Okubo, em dois chutes fortes, quase empatou: o goleiro Stekelenburg pegou o primeiro, e o segundo foi para fora. Mas no meio-termo entre a impossibilidade de afrouxar a marcação e o desejo de ser mais ofensivo, a time asiático perdeu ímpeto. A Holanda, jamais brilhante, passou a ter aquela solidez que o adversário possuiu no primeiro tempo.
E levou o jogo assim, sem brilho nem apagão. Nem a presença de Elia, que melhorou muito o time quando entrou em campo contra a Dinamarca, aumentou a presença ofensiva da equipe. Que ainda teve duas excelentes chances de ampliar aos 39 e 42. Na primeira, Afellay, substituto de Sneijder, invadiu a área livre pela direita, mas concluiu em cima de Kawashima. Na seguinte, o mesmo jogador recebeu de Huntelaar, e concluiu. O goleiro salvou novamente, mas precisou na seqüência do apoio de Nakazawa para evitar o segundo gol que Túlio Tanaka quase botou para dentro.
Mas o Japão ainda teve uma chance de ouro para não deixar o gramado derrotado. Aos 45, Okazaki recebeu de frente para o goleiro e chutou por cima.
Foi um susto final na Holanda, uma seleção que aprendeu no passado que jogar bonito nem sempre é sinônimo de vencer – e para quem colar na vaga foi o que mais importou neste sábado em Durban.
Fonte: globo.com
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